Browsing by Author "Galinari, Melliandro Mendes"
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Item Os “black-blocs” brasileiros : vândalos ou ativistas? A construção retórico-discursiva em revistas brasileiras.(2015) Oliveira, Gabriela Nascimento Rossi de; Galinari, Melliandro MendesNo início de junho de 2013, inúmeras manifestações populares ocorreram nas principais capitais do Brasil, abrangendo vários temas como o aumento anunciado dos preços das taxas de transportes, os gastos públicos em eventos esportivos internacionais, a má qualidade dos serviços públicos e a corrupção política em geral. Durante as Jornadas de Junho, “ataques diretos” foram alvos de críticas: políticos e os grandes grupos de comunicação brasileiros noticiaram os protestos mais violentos sob o rótulo de “vandalismo", enquanto muitos jornais internacionais como o portal francês Rue89, criticaram a cobertura de massa do Brasil como parcialmente a favor da “versão oficial”. Diante disso, os Black-Blocs entraram na “ordem do dia” no Brasil, ocupando as ruas e as manchetes de jornais e revistas como até então nunca acontecera, o que, por um lado, denota sua presença marcante nas manifestações e, por outro, um investimento midiático na construção de sua imagem. Nesse sentido, esta dissertação tem como objetivo identificar, mapear e analisar as imagens do que se convencionou chamar de “Black-Bloc” em discursos midiáticos. A estrutura metodológica é norteada pelos procedimentos gerais da AD, a partir da seleção e organização do corpus de um total de 4 (quatro) reportagens cujo tema central são os Black-blocs, no período de junho a novembro de 2013 nas revistas Veja, Carta Capital, Época e Caros Amigos. O trabalho partiu de estudos da retórica antiga e da apropriação desse referencial realizada por Ruth Amossy no quadro contemporâneo da Análise do Discurso. Em seguida, foram levantados os dados sobre as condições de produção do corpus selecionado. Por fim houve a identificação, mapeamento e análise das formas referenciais presentes no corpus, assim como dos mecanismos de descrição e narração; e análise do funcionamento argumentativo desses elementos textuais com base nas suas condições institucionais de produção. Como resultado, temos duas imagens próximas e negativas dos Black-blocs em Época e Veja e outras duas imagens próximas e positivas da tática Black-bloc em Carta Capital e Caros Amigos com nuances que variam conforme às noções de visada e dimensão argumentativa em cada discurso. Verificamos também particularidades que giraram em torno de um ethos pretenso e ethos possíveis a partir de diferentes auditórios, e o mesmo em relação a um pathos pretendido e pathos possíveis em públicos distintos. Ao final do trabalho, acreditamos que o discurso jornalismo com seu poder simbólico, deve ser uma ferramenta para potencializar uma forma de organização social que possibilite a emancipação dos seres humanos ao contrário de uma naturalização das relações sociais hegemônicas sob o domínio da burguesia e do modo de produção capitalista.Item Da Carta de Princípios (1979) à Carta ao Povo Brasileiro (2002) : variações ethicas do Partido dos Trabalhadores.(2019) Galinari, Melliandro Mendes; Pereira, Luciana de SouzaO Partido dos Trabalhadores (PT), no Brasil, tem sido estudado por diversos historiadores e cientistas sociais, além de ser avaliado constantemente pelas mídias e pelo senso comum quanto a mudanças de postura político-discursivas ao longo de sua existência. Neste artigo, temos como objetivo analisar o ethos institucional do PT em dois momentos históricos distintos, a saber, no momento precedente à sua fundação (1979), a partir da chamada Carta de Princípios, e no ano eleitoral em que obteve a vitória para a Presidência da República (2002), com base na Carta ao Povo Brasileiro. Com isso, pretende-se apontar como foram construídas, retoricamente, as diferentes imagens do partido nesses dois documentos, estabelecendo um contraste linguístico-discursivo panorâmico. Inicialmente, o artigo situa o surgimento do PT no contexto brasileiro e seu percurso até chegar à Presidência da República. Em seguida,no sentido de contextualizar as suas históricas mudanças, são trazidos apontamentos de cientistas políticos e historiadores, com o intuito de apresentar, por amostragem, pontos de vista controversos sobre as metamorfoses do PT. Enfim, o trabalho se atém à análise propriamente dita das cartas mencionadas, no sentido de apreender como o ethos é construído enquanto dimensão retórica. A conclusão mostra, dentre outras coisas, que, na Carta de 1979, constrói-se um partido de feição radicalmente classista, posicionando-se ao lado das massas exploradas contra as elites dominantes. Na Carta de 2002, por sua vez, tal conflito é silenciado, sobressaindo-se um ethos de caráter nacionalista e conciliador.Item Das variações ethicas do Partido dos Trabalhadores : uma análise retórico-discursiva.(2016) Pereira, Luciana de Souza; Galinari, Melliandro Mendes; Rodrigues Júnior, Adail Sebastião; Pinto, Carlos Fernando JáureguiEm 1979, foi criado o Partido dos Trabalhadores (PT), com o objetivo de atuar como um instrumento de luta de classes dos menos favorecidos, conforme aponta a sua Carta de Princípios. No entanto, diferentes segmentos sociais vêm discutindo acerca de uma possível traição (ou não) do partido aos princípios originais que nortearam a sua fundação, principalmente após a eleição de Lula em 2002 e das mudanças de “tom” na oratória do PT. A partir disso, esta dissertação tem o objetivo de analisar como os índices linguísticos de modalização contribuem, discursiva e retoricamente, para a apreensão das diferentes imagens enunciativas/institucionais do Partido dos Trabalhadores (seus discrepantes ethè), a partir da comparação entre discursos de momentos políticos distintos (entre 1979 e 2010), numa tentativa de assimilar os tipos de adesão que tais ethè partidários poderiam provocar junto à sociedade. No plano teórico, o trabalho enquadra-se nos estudos retórico-discursivos e, portanto, engloba as reflexões da Retórica Aristotélica somadas a algumas Teorias da Argumentação contemporâneas (principalmente Ruth Amossy), buscando articular esses domínios para a compreensão da persuasão. Além disso, embasa-se também em estudos das Ciências Políticas e da História, no sentido de contextualizar a situação do Brasil do ponto de vista econômico, político e social, com a finalidade de ancorar as análises discursivas empreendidas. Nas análises, observamos que os discursos da primeira fase do PT (1979-1987) apontam para um ethos edificado na necessidade de apresentar-se como um novo partido, voltado exclusivamente aos interesses populares dos trabalhadores e explorados. Nota-se a predominância de um ethos militante, combativo e dedicado à luta e à defesa dos direitos desse segmento social, caracterizando uma imagem acentuadamente classista. Já os discursos da segunda fase (2002-2010), apontam para um ethos que se volta para o realce das conquistas partidárias, com destaque para o campo econômico e mercadológico, sem perder de vista o foco na questão social. Nesse arco de tempo, percebe-se uma imagem em que predomina um viés de nacionalismo e de união entre as classes, contraditória com o ethos classista que se extrai da fase anterior. Ressalta-se, por fim, que tanto as imagens partidárias analisadas, quanto seus efeitos prováveis na esfera pública, se tratam de possibilidades ressaltadas por este trabalho, pois um mesmo ethos poderia desencadear reações diversas (positivas ou negativas) diante das características e crenças políticas do auditório, ou seja, de sua vinculação à doxa.Item A discursivização dos gêneros na atividade comunicativa.(2011) Galinari, Melliandro MendesAbordamos, aqui, a questão dos gêneros discursivos/textuais de um ponto de vista sóciocomunicativo, no intuito de buscar apreender o valor de uso de tais categorias nas interações verbais. Buscamos alcançar, assim, pelo caminho singular dos gêneros, subsídios teóricos para interpretar os possíveis efeitos de sentido dos discursos. Em termos gerais, o trabalho mostra que a questão dos gêneros, na perspectiva aqui defendida, constitui uma etapa necessária (dentre outras) nos processos de análise de corpora empreendidos pela Análise do Discurso.Item Entre o autoral e a escrita coletiva : identidades, discursos e performances nas piXações urbanas.(2017) Araújo, Maria Carolina da Silva; Muniz, Kassandra da Silva; Muniz, Kassandra da Silva; Galinari, Melliandro Mendes; Souza, Ana Lúcia SilvaItem O ethos e a verdade sobre o eu na retórica da frente parlamentar evangélica.(2015) Galinari, Melliandro Mendes; Santos, Juliana CoutoNo campo dos estudos da linguagem, a análise do ethos tem sido bastante discutida e praticada no sentido de ressaltar a dimensão persuasiva dos discursos. Neste artigo, interrogamo-nos sobre como, de fato, a enunciação de um texto confere à sua instância de produção um “caráter”, para além da análise estrita de dados linguístico-discursivos, o que implica levar em consideração, durante a investigação, o auditório, seus valores e sua conjuntura cultural. Para tanto, partimos da análise do discurso da Frente Parlamentar Evangélica – FPE – atuante no Congresso Nacional Brasileiro, valendo-nos de textos presentes no primeiro exemplar de sua Revista. Esse procedimento é viabilizado, primeiramente, por uma reflexão sobre o ethos a partir da Retórica Sofística, representada, aqui, por Protágoras. Num segundo momento, tais reflexões são postas em prática para apreender como os textos da citada Revista poderiam, possivelmente, acarretar em “imagens de si” diferenciadas da FPE, a depender de três conceitos sofísticos: a doxa (“saberes partilhados”), o kairos (“momento oportuno”) e o nomos (“regras” e “padrões” socioculturais). Com isso, chegamos à conclusão de que o ethos é algo de relativo, e que seu acabamento final num processo enunciativo é dado em perspectiva, ou seja, pela influência retórica desses três fatores.Item Identificando os “discursos de ódio” : um olhar retórico-discursivo.(2020) Galinari, Melliandro MendesTem sido uma constatação comum de diversos estudiosos e movimentos sociais que certos discursos, ditos “de ódio”, encontram-se em franca ebulição nas esferas públicas contemporâneas, com uma intensidade jamais antes sentida, principalmente com o surgimento e a difusão tecnológica das redes sociais. Este artigo propõe alguns parâmetros de identificação desse fenômeno em nossa sociedade, com base nas Leis, e também a partir de noções clássicas da Retórica e da Análise do Discurso, como, por exemplo, a própria noção de discurso e de condições de produção do discurso. Como resultado, o artigo conclui que nem todo discurso que expressa raiva, ira ou cólera é, necessariamente, um Discurso de Ódio, pois este depende de seus efeitos sociais discriminatórios, examinados dentro das características de seu contexto social e histórico. Dentro dessa perspectiva, o artigo apresenta, ainda, algumas possíveis recorrências discursivas dos Discursos de Ódio, tais como o estereótipo, o insulto, a ridicularização, a expressão de euforia diante da dor do outro, a deslegitimação e o negacionismo.Item O Logos como razoabilidade argumentativa : contribuições da nova retórica para a análise do discurso.(2013) Galinari, Melliandro Mendes; Queiroz, Marcos Vieira deO presente artigo visa ressaltar, de modo sucinto, como as tipologias argumentativas de Perelman & Olbrechts-Tyteca (2002), tais como a incompatibilidade, o modelo, a associação e a dissociação (etc.), podem funcionar como uma etapa interessante para a análise de discursos, a saber, para a apreensão do logos argumentativo em sua acepção de “demonstração verdadeira ou aparente”. Num primeiro momento, a partir dos autores citados, da retórica aristotélica e de teóricos da Análise do Discurso, buscamos conceber a argumentação como uma atividade que ultrapassa os pressupostos da Lógica Formal, no intuito de instituir o logos como uma razoabilidade fundada pela materialidade textual e, além disso, como um artifício retórico apreensível pelas citadas tipologias. Num segundo momento, buscamos ilustrar a pertinência de tudo isso com a análise rápida de dois editoriais que circularam na cidade de Mariana-MG. Tais editoriais possuem um caráter político e uma dinâmica elucidativa na construção/desconstrução de raciocínios retóricos.Item Logos, ethos e pathos : “três lados” da mesma moeda.(2014) Galinari, Melliandro MendesEste artigo possui o objetivo de construir uma reflexão sobre a inter-relação das provas retóricas – logos, ethos e pathos – no âmbito disciplinar da Análise do Discurso, dialogando com a tradição retórica, com a Sofística e com autores modernos que se ocupam do assunto, tais como Ruth Amossy, Michel Meyer, Christian Plantin e outros. Para tanto, parte-se do pressuposto de que, mais do que categorias estáveis e demarcáveis teoricamente, as provas retóricas são três dimensões ou “ângulos” de um mesmo discurso ou, em outros termos, três ferramentas ou “chaves de leitura” disponíveis à sua interpretação e à especulação de seus efeitos possíveis. Como são escassas análises discursivas aptas a ilustrar/demonstrar tais postulados teóricos, o artigo contém, além de uma primeira parte, destinada a uma reflexão teórica, uma segunda parte reservada exclusivamente à análise de um discurso de caráter político que circulou no Brasil no ano de 2010, num momento anterior às eleições presidenciais.Item Mamãe, quero ser princesa : a identidade feminina branca da franquia Frozen.(2021) Queiroz, Bárbara Guerra de; Muniz, Kassandra da Silva; Muniz, Kassandra da Silva; Galinari, Melliandro Mendes; Pinto, Joana PlazaEsta dissertação visa observar as relações sociais representadas nos filmes disneynianos, mais especificamente, na franquia Frozen (2013-2019), a saber, como as noções de gênero e raça informam as construções identitárias das protagonistas. A partir do embasamento teórico e metodológico da Teoria da Performatividade e da Metapragmática, informados principalmente pela filósofa Judith Butler (1997), pela linguista Joana Plaza Pinto (2002a, 2002b, 2007, 2018) busca-se analisar e discutir as relações de gênero e branquitude presentes na franquia, analisando se a linguagem cinematográfica hollywoodiana consegue acompanhar as mudanças no campo dos estudos culturais, representados principalmente por Butler (2003, 2004, 2018), pela pedagoga feminista negra bell hooks (2000, 2019), além do psiquiatra, filósofo e ensaísta francês da Martinica, Frantz O. Fanon (2006), a Dra. em Psicologia Social Lia Vainer Schucman (2012), Schucman e Martins (2017); apresentando um breve histórico do gênero maravilhoso e exposição sistemas de classificação do mesmo, que informam a estrutura e as tendências Disney de esquematização narrativa, com base nos estudos dos folcloristas Jack Zipes (1988, 1995, 2012), Alan Dundes (1997), Bruno Bettelheim (2002), Vladimir Propp (2006), e Hans-Jörg Uther (2009). Busca-se, a partir da do embasamento teórico e metodológico, observar os comportamentos, características e falas retratadas nos filmes, para identificar e registrar os indícios de construção identitária das protagonistas e, a partir desse registro, discutir como as regulações linguísticas informam as representações de gênero e raça (e seus apagamentos) dessa construção. Ainda que haja uma narrativa de empoderamento em funcionamento, ela pode ocultar outros mecanismos opressivos. A perpetuação do discurso opressor, embutido num empoderamento simbólico, faz parte da manutenção dessa mesma opressão, de forma que a produção midiática não dá conta da complexidade das relações de gênero e raça, deixando escapar ‘restos’ do sistema que mantém.Item Melhor do que comprar sapatos : uma análise discursiva dos aconselhamentos de Cristiane Cardoso no âmbito da Igreja Universal do Reino de Deus.(2020) Noronha, Raquel Nunes; Galinari, Melliandro Mendes; Galinari, Melliandro Mendes; Lima, Helcira Maria Rodrigues de; Muniz, Kassandra da SilvaCom a presente pesquisa, tivemos o objetivo de identificar, no livro Melhor do que comprar sapatos, de Cristiane Cardoso, a propriedade do logos de orientar retoricamente o auditório para certas representações dóxicas sobre a mulher e seu papel, assim como de produzir, na enunciação, um determinado ethos como efeito possível, a partir dos pressupostos teóricos propostos por Amossy (2018). Trata-se de verificar, por meio de recursos linguísticodiscursivos, como se dá essa construção de imagem da mulher ideal, as imagens de si de Cristiane Cardoso e a maneira como essas imagens corroboram a empreitada de persuasão. Na Análise do Discurso, acreditamos que existe uma profunda relação entre a linguagem e o contexto sócio-histórico em que ela se insere e também que os discursos não podem ser conhecidos ou analisados sem que se considerem as circunstâncias em que foram produzidos. Nesse sentido, buscamos, para melhor compreender o nosso corpus, localizar o neopentecostalismo e a Igreja Universal do Reino de Deus, no âmbito das igrejas protestantes, e destacar as principais características dessa instituição, com o apoio de trabalhos do campo da Sociologia. Além disso, procuramos evidenciar de que maneira a identidade feminina é construída, no meio protestante, no universo bíblico. Por fim, na Igreja Universal, observando suas continuidades e rupturas provocadas pela Teologia da Prosperidade, também falamos sobre a “Teologia Feminista”, que tem surgido recentemente, a fim de verificar se esse segmento tem contribuído ou não para as transformações na maneira como a mulher é vista e tratada no meio cristão. Para a análise propriamente dita, à luz da Análise do Discurso e da Análise Argumentativa do Discurso, retomamos dois fundamentos aristotélicos: o ethos e o logos, interpretando-os a partir de pesquisas mais recentes, tais como Amossy (2018) e Galinari (2011). Por meio das análises, foi possível perceber que o discurso de Cristiane Cardoso constrói representações conservadoras do feminino, porém, com algumas fissuras nessas representações. Esses discursos valorizam prioritariamente antigos padrões de comportamento esperados das mulheres pela igreja e pela sociedade machista, ao mesmo tempo em que apresenta de modo desigual um discurso de emancipação financeira, que gera uma aparência de modernidade, provocado pelos valores capitalistas presentes na Teologia da Prosperidade, principal ensinamento da Igreja Universal. Portanto, o ethos de Cristiane Cardoso se arquiteta de igual modo com essas fissuras, refletindo, assim, a imagem de mulher desejada pela igreja à qual pertence, que apresenta conservadorismo em relação ao papel da mulher e traços de ilusória modernidade. Sem que haja um equilíbrio entre esses discursos, essa aparente modernidade aparece apenas para atender às demandas do capitalismo intrínsecos à Teologia da Prosperidade.Item O papel da prosódia na expressão de atitudes de ataque ao ethos no discurso político.(2016) Moura, Leandro da Silva; Antunes, Leandra Batista; Galinari, Melliandro Mendes; Lima, Helcira Maria Rodrigues de; Marusso, Adriana SilviaOs estudos prosódicos ganharam espaço no cenário linguístico nas últimas décadas e, mais recentemente, a prosódia dos afetos sociais tem chamado a atenção dos prosodistas. Estudar a prosódia de uma língua significa, em alguma medida, compreender como se dão os processos de organização da melodia, do ritmo e da intensidade, junto aos demais elementos linguísticos que também fazem parte da língua. Na Antiguidade Clássica, a associação prosódia-discurso/demais elementos linguísticos já era sinalizada, quando, na Retórica, encontramos menção às questões relacionadas ao ritmo, ao volume e à harmonia, ou seja, ao que hoje chamamos prosódia, entendidos como elementos retóricos importantes para as construções discursivas. Se pensarmos em situações de debates político-eleitorais televisionados, podemos ver que os elementos prosódicos compõem a argumentação retórica. Partindo da hipótese de que parâmetros prosódicos como a F0, a duração e a intensidade são ajustados na expressão das atitudes, funcionando como pistas para a caracterização e o reconhecimento destas, o objetivo geral deste trabalho é investigar qual o papel da prosódia na expressão de atitudes de ataque no discurso político, sobretudo, nos momentos de ataque ao ethos e de desqualificação do outro. O corpus deste trabalho é composto por quatro debates político-eleitorais televisionados, realizados em 2014 entre os candidatos ao governo de Minas Gerais. Nesses debates, foram selecionados 50 enunciados, sendo 31 críticos, 7 irônicos e 12 neutros, validados em um teste de percepção, que contou com a participação voluntária de 22 falantes nativos de português brasileiro. Para atingir nosso objetivo, as 50 frases passaram por análise acústica, com o auxílio do software PRAAT®, na qual foram observadas questões relacionadas à F0, à duração e à intensidade. No que respeita à F0, nos ativemos a: pontos inicial, final, mínimo, máximo, média e tessitura do enunciado, além dos movimentos melódicos finais e de ênfase. Quanto à duração, observamos a velocidade de fala, por meio do cálculo das taxas de articulação e de elocução e a duração das pausas, quando presentes, além da duração média de sílabas prolongadas, da última pretônica e da última tônica do enunciado. Para a intensidade, observamos apenas a média por enunciado, pois não tivemos controle das gravações, o que possibilitaria uma análise mais detalhada desse parâmetro. Os resultados nos mostraram que a crítica tende a apresentar valores mais altos de F0 em todos os pontos do enunciado medidos. Além disso, encontramos um padrão predominantemente descendente para o movimento final, que acontece com registros de frequência também mais altos em relação ao neutro. As taxas de articulação e de elocução evidenciam que os locutores tendem a expressar a crítica com uma fala mais lenta, preenchida por pausas. Notamos ainda a presença de prolongamentos e de movimentos circunflexos em elementos enfatizados, mostrando como os parâmetros de F0 e de duração se complementam na expressão das atitudes. Outras estratégias prosódicas foram notadas na expressão da crítica, como uma mudança de qualidade de voz de dois locutores, o que pode funcionar como pista para a caracterização dessa atitude. No que tange à ironia, não encontramos um único padrão prosódico a ser seguido. Acreditamos, assim, que os locutores adotam estratégias individuais na expressão dessa atitude, além de usarem outros elementos, como o riso, para corroborar a construção de sentido irônico. Desse modo, evidenciamos que a prosódia é um elemento linguístico que faz parte da argumentação e atua de maneira bastante expressiva nos momentos de desqualificação do outro quando se trata, no caso deste trabalho, de discurso político.Item A polissemia do Logos e a argumentação : contribuições sofísticas para a análise do discurso.(2011) Galinari, Melliandro MendesEste artigo busca, apoiado na tradição sofística, resgatar a polissemia do logos. A partir daí, constrói-se uma compreensão teórica ampla do que se convencionou chamar de “relação argumentativa”, enfatizando a complexidade das adesões possíveis. Elabora-se, igualmente, um olhar teórico sobre a própria argumentação, que é concebida, sobretudo, como uma propriedade da linguagem em ação e, jamais, como um “modo de organização do discurso”, como pensam alguns teóricos da Análise do Discurso e da Linguística Textual.Item Os ''políticos de Cristo'' : uma análise retórica do ethos fundador da Frente Parlamentar Evangélica.(2015) Santos, Juliana Couto; Galinari, Melliandro MendesEsta dissertação tem por objetivo analisar o funcionamento do ethos da Frente Parlamentar Evangélica (FPE) no momento de sua fundação (2003), por meio do número 1 da sua revista, que foi lançada em 2004, averiguando como ele, o ethos, apresentou-se discursivamente à sociedade brasileira como um todo. Para tanto, este trabalho irá estabelecer uma interface entre a Análise do Discurso, a Retórica e as Ciências da Religião. Neste trabalho, a perspectiva de discurso utilizada por nós baseia-se na retórica sofística de Protágoras e Górgias, assim como os estudos retóricos de Aristóteles, que se constituem como importantes referenciais. Os estudos desses antigos filósofos da linguagem nos ajudarão a apreender uma das três provas retóricas mais estudadas no campo da persuasão: o ethos. Os estudos retóricos contribuem eficazmente tanto para o estudo da imagem construída pela FPE, ou seja, do seu caráter moral construído discursivamente (ou das formas pelas quais ela se mostraria “digna de fé”), quanto das teses e visões de mundo erigidas pelo logos (suas visões políticas da realidade). Para a apreensão do ethos, utilizaremos alguns mecanismos de linguagem, como os dêiticos, os modalizadores e a polifonia, ou seja, elementos que funcionarão como ponto de partida para a apreensão linguístico-discursiva da imagem criada pela FPE. Também nos reportamos e embasamos nossa dissertação nos trabalhos realizados pelos estudiosos das ciências da religião, os quais nos ajudaram a compreender as condições de produção do nosso objeto. Como conclusão, acredito que a imagem encontrada por nós na Revista da Frente foi a de um ethos que se estilhaça em inúmeros pedaços, mas que, no entanto, são fragmentos de uma mesma imagem. Além disso, há uma relativização desses ethos, pois como vimos no referencial teórico, a verdade seria relativa, dependendo de fatores como auditório, valores compartilhados (doxa), momento oportuno (kairós) e o contexto social (nomos) em que o discurso é proferido.Item A retórica do Movimento Escola Sem Partido : afetos e engajamentos discursivos na página oficial do Facebook.(2020) Albergaria, Ariane Aparecida; Galinari, Melliandro Mendes; Galinari, Melliandro Mendes; Muniz, Kassandra da Silva; Moura, Joao Benvindo deO despontar do Movimento Escola Sem Partido dividiu a opinião pública brasileira e definiu contornos diversos sobre os pontos de vista acerca da área educacional como um todo no País. Com base nessa realidade, propõe-se nesta dissertação analisar retórica e discursivamente algumas publicações e discussões que emergiram no Facebook oficial do Movimento Escola Sem Partido ao longo de seis meses (de outubro de 2017 até março de 2018). Trata-se de observar quais argumentos são edificados e quais comportamentos e emoções são incitados na esfera pública. O principal ponto de partida é analisar como os enunciadores que afloram ao longo dos comentários, a partir da mobilização dos elementos presentes na língua ou de formas de raciocínio, edificam argumentos da ordem do ethos, do pathos e do logos, nos termos da Retórica Antiga e dos estudos atuais sobre o discurso, delineando, construindo e reconstruindo espaços ideológicos. O estudo recuperou as formações ideológicas e as opiniões comuns presentes na política e na cultura brasileira que circundam os argumentos analisados, isto é, constatou como esses discursos estão revestidos por ideologias e pela doxa. Foi observado, ainda, como a circulação desses discursos ajudou a consolidar e a esculpir um reservatório de crenças e de formas de referenciar os professores, os educandos e a Educação. Como conclusão, constatou-se como os argumentos, as imagens de si no discurso e os afetos que emergem nesse espaço deságuam na propagação de estereótipos e em discursos de ódio sobre a Educação e os sujeitos que a constituem.Item Uma retórica primordial : de Górgias de Leontini à projeção discursiva dos Black Blocs.(2017) Galinari, Melliandro Mendes; Oliveira, Gabriela Nascimento Rossi deEste artigo apresenta uma definição de Retórica a partir da obra de Górgias de Leontini, um dos mais importantes sofistas em atividade na Atenas do século V a.C. Além disso, busca demonstrar a influência de suas reflexões no pensamento de Friedrich Nietzsche para, em seguida, conectá-las à Análise Argumentativa do Discurso, tal como postulada por Ruth Amossy. Esse percurso teórico tem como objetivo resgatar uma concepção alternativa do processo argumentativo, não o reduzindo ao mapeamento exaustivo de técnicas conscientes ou tipos de argumento, como fazem algumas perspectivas herdeiras da vertente aristotélica e perelmaniana. Assim, tem-se como problema central a busca por uma definição de Retórica cada vez mais compatível com a abordagem de todo e qualquer mecanismo da estrutura da linguagem (modalizações, estruturas narrativas, ritmo etc.), o que ultrapassa a observação de tipologias de argumentos de caráter lógico ou quase-lógico. Como resultado teórico, mostra-se que a Retórica está ligada, primordialmente, à não transparência e à opacidade do discurso, o que implica em associá-la ao fato de a linguagem, em toda a sua estrutura material, não coincidir com o real. Para colocar em prática as reflexões teóricas desenvolvidas, o artigo faz uma sucinta análise de uma reportagem presente em uma revista brasileira (Revista Época), cujo tema é a atuação dos Black Blocs nas manifestações que tomaram as ruas do Brasil a partir de junho de 2013.Item Sobre ethos e AD : tour teórico, críticas, terminologias.(2012) Galinari, Melliandro MendesNeste artigo, busca-se abordar questões relativas ao ethos na Análise do Discurso (AD), seja no sentido das “imagens de si” que o comunicante se constrói no presente de sua enunciação, seja enquanto as imagens partilhadas desse mesmo orador, pré-existentes a tal acontecimento discursivo. A partir de um rápido percurso conceitual, reflete-se criticamente sobre essas duas dimensões teóricas do ethos e sobre as terminologias usadas para designálas nas práticas de análise discursiva, a saber, as etiquetas “ethos pré-discursivo” e “ethos discursivo”. Como se verá, prefere-se, aqui, por serem menos imprecisas, as expressões “ethos pré-corpus” e “ethos presente”. Além disso, outras duas questões são abordadas: a interrelação das provas retóricas e a possibilidade de se estender o ethos às “imagens de outrem” construídas pelo discurso.