Prova Brasil : uma análise da complexidade cognitiva de itens de Matemática por meio da Taxonomia SOLO.
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Date
2019
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O objetivo geral desta pesquisa foi analisar os itens de Matemática do 5º e do 9º anos do
Ensino Fundamental da Prova Brasil pertencentes à Plataforma Devolutivas Pedagógicas, por
meio dos níveis de complexidade cognitiva da Taxonomia SOLO. Os objetivos específicos
foram: realizar uma revisão da literatura sobre o uso da Taxonomia SOLO na avaliação
educacional no Brasil; classificar e analisar os itens a partir da dificuldade (nível de
proficiência e índice de dificuldade) e da discriminação (índice de discriminação); relacionar
e diferenciar a dificuldade e a complexidade cognitiva dos itens; elaborar uma escala de
proficiência a partir dos dados da Plataforma Devolutivas Pedagógicas, usando os itens
associados às suas respectivas sentenças descritoras para criar níveis de proficiência com uma
interpretação pedagógica clara. Utilizamos como referencial teórico a Taxonomia SOLO,
uma taxonomia cognitiva composta por cinco níveis que crescem em complexidade: 1) préestrutural; 2) uni-estrutural; 3) multi-estrutural; 4) relacional; e 5) abstrato estendido. A
aprendizagem superficial é composta pelos níveis uni-estrutural e multi-estrutural. Já a
aprendizagem profunda é composta pelos níveis relacional e abstrato estendido. O nível préestrutural não indica construção de aprendizagem. Analisamos um total de 123 itens que
estavam disponíveis na Plataforma Devolutivas Pedagógicas do INEP, sendo 57 referentes ao
5º ano e 67 ao 9º ano. Usamos métodos qualitativos (análise de conteúdo para classificação
dos itens nos níveis de complexidade cognitiva da SOLO) e quantitativos (concordância entre
juízes, por meio dos coeficientes Kappa de Cohen e Alfa de Krippendorff, para comparar as
classificações de duas pesquisadoras independentes). Dentre os principais resultados,
destacamos: a) a Taxonomia SOLO é pouco conhecida no Brasil: encontramos 14 trabalhos,
sendo que a maioria usa a SOLO para analisar respostas a tarefas de alunos; b) entre os itens
do 5º ano, o nível predominante foi o uni-estrutural (77,2%), enquanto, no 9º ano, foi mais
recorrente o nível multi-estrutural (62,1%). Apenas o 9º ano teve itens classificados no nível
relacional (6,1%). Nenhum item foi classificado no nível abstrato estendido. Esses resultados
mostram a expressiva proporção de itens que exigem aprendizagem superficial; c) analisamos
os resultados em relação a três variáveis: 1) faixa de dificuldade do item; 2) nível de
proficiência; 3) faixa de discriminação do item. O tipo de aprendizagem superficial
prevaleceu em todas as variáveis. Isso significa que esse tipo foi dominante, inclusive, na
faixa de dificuldade alta, nos níveis de proficiência considerados adequado e avançado e na
faixa alta de discriminação do item. A partir dessas constatações, ficou clara a diferença entre
os conceitos de complexidade cognitiva e dificuldade do item, que não podem ser tomados
como sinônimos; d) fizemos uma transposição das escalas do SAEB de Matemática do Ensino
Fundamental (5º e 9º) para uma escala usando os quatro níveis de desempenho apresentados
por Soares (2009): abaixo do básico, básico, adequado e avançado. Essa escala é composta
por exemplos reais de itens associados às suas respectivas sentenças descritoras, fornecendo
um material útil e com uma interpretação pedagógica mais clara para os docentes na sala de
aula. Por fim, para ampliar a possibilidade de considerações mais consistentes sobre o nível
de complexidade cognitiva dos itens dos testes da Prova Brasil, pesquisas complementares
são necessárias. Sugerimos o uso da Taxonomia SOLO para analisar a complexidade
cognitiva de outras avaliações externas e também para outras finalidades na área educacional.
Description
Keywords
Taxonomia SOLO, Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, Complexidade cognitiva, Avaliação educacional, Matemática - exames
Citation
MOL, Solange Maria. Prova Brasil: uma análise da complexidade cognitiva de itens de Matemática por meio da Taxonomia SOLO. 2019. 127 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal de Ouro Preto, Mariana, 2019.