Análise de ciclo de vida de processos de digestão anaeróbia da cama de aviário.

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Date
2022
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Abstract
O presente trabalho buscou analisar o ciclo de vida de processos de digestão anaeróbia (DA) de cama de aviário (CA) com e sem seu prévio pré-tratamento térmico de forma a comparar com a técnica de manejo comumente utilizada (descarte no solo) para este resíduo. Para tanto foram avaliadas, por meio do método ReCiPe Midpoint (H) as categorias de impacto ambiental emissões de gases de efeito estufa, eutrofização e acidificação do solo. Foram construídos, a partir de dados primários fornecidos por empresa parceira, inventários de ciclo de vida para três formas de manejo do resíduo avícola: i) descarte da CA in natura no solo (C1), ii) DA da CA in natura (C2) e iii) pré-tratamento da CA antes de sua DA (C3). Também foram utilizados dados de DA de CA otimizados por Paranhos (2021), que empregou CA mais estabilizada (coletada após seis ciclos produtivos de aves – (CA-6U)) empregada para os cálculos das três formas de manejo propostas e correspondente à realidade do cenário avícola brasileiro; e por Oliveira (2022) que empregou CA sintética e fresca (mistura de palha de arroz + excretas na proporção de 1:5), simulando o cenário de remoção e disposição da cama após um único ciclo produtivo de aves (CA-1U), que foi utilizada para os cenários de manejo C2 e C3 propostos. Os resultados obtidos indicam que o descarte da cama de aviário in natura diretamente no solo (cenário C1) levaria à emissão de gases de efeito estufa na proporção de 187,5 T CO2eq/T CA para ambas as amostras de CA (estabilizada ou fresca) quando desconsideradas as emissões de amônia. No cenário C2 as emissões são menores, e estimadas em 131,25 T CO2eq/T CA para a cama mais estabilizada (removida após 6 ciclos produtivos) e 131,35 T CO2eq/T CA para a cama fresca (removida após 1 ciclo produtivo). Por sua vez, no cenário C3, em que se emprega a DA da CA após seu pré-tratamento hidrotérmico estima-se emissões de 131,38 T CO2eq/T CA para a cama estabilizada e de 131,59 T CO2eq/T CA para a cama fresca. Percebe-se, portanto, redução média de 30% nas emissões de GEE’s dos cenários C2 e C3 em relação ao cenário base. Diante da realidade avícola brasileira comparou-se também a energia térmica produzida nos cenários C2 e C3 em substituição a lenha utilizada pela empresa parceira no conforto térmico das aves. Estima-se que a geração de energia térmica a partir da queima do metano gerado na DA da CA estabilizada pode substituir 48% da lenha no cenário C2 ao passo que no cenário C3, além de substituir toda a lenha consumida, o metano adicional produzido na DA da CA pré-tratada termicamente geraria um excedente de 120%. Com relação aos potenciais de acidificação e eutrofização estima-se que para o cenário C1, considerando a cama mais estabilizada, as emissões são elevadas (1989,12 KgeqSO2/Ton CA e 794,64 KgeqPO4 3-/Ton CA, respectivamente) ao se comparar com os percentuais de redução obtidos para os cenários C2 e C3 que foram de mesma magnitude (98,4% e 99,2%). Conclui-se portanto que a digestão anaeróbia da CA in natura, ou seja, sem pré-tratamento térmico, como melhor alternativa dos pontos de vista técnico e ambiental.
Description
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mineral. Departamento de Engenharia de Minas, Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto.
Keywords
Digestão anaeróbica - tratamento térmico, Digestão anaeróbica - ciclos de vida, Aviários - cama de aviário, Digestão anaeróbia, Resíduos orgânicos - cama de aviário
Citation
CARNEIRO, Gabriel Neme Barbosa Veisac. Análise de ciclo de vida de processos de digestão anaeróbia da cama de aviário. 2022. 122 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mineral) - Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2022.