Efeito do tratamento com inibidor de protease do tipo Bowman-Birk na infecção pelo Trypanosoma cruzi.
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Date
2015
Authors
Fonseca, Kátia da Silva
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Abstract
A Doença de Chagas (DCh) apresenta patogênese inflamatória, exibindo no coração um processo difuso que pode se manifestar tanto na fase aguda quanto na fase crônica. Esta inflamação cardíaca pode desencadear o processo de fibrose, uma das manifestações mais significativas da cardiopatia chagásica crônica. Além disso, lesões inflamatórias do sistema nervoso entérico induzem perda de neurônios e células gliais, sendo consideradas fundamentais na patogênese da forma digestiva da DCh. Sendo assim, torna-se importante a busca por um tratamento capaz não apenas de eliminar o parasito, mas também de reduzir o processo inflamatório associado. Desta forma, o objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito do tratamento com o inibidor de protease do tipo Bowman-Birk (BBI), potente inibidor da inflamação pelas vias COX-2/PGE-2 e iNOS/NO, e do BBI associado ou não ao benznidazol (BNZ) na infecção experimental pelo Trypanosoma cruzi em camundongos. Primeiramente foi realizada avaliação in vitro da atividade do BBI sobre as formas tripomastigotas e amastigotas do T. cruzi e, posteriormente, a avaliação in vivo. Neste sentido, 240 camundongos Swiss, machos, com 30 dias de idade foram distribuidos em cinco grupos: não infectado e não tratado (CNI); infectado e não tratado (CI); infectado e tratado com BNZ (BNZ); infectado e tratado com BBI (BBI); infectado e tratado com BNZ e BBI (BNZ/BBI). Os animais infectados foram inoculados intraperitonealmente com 500 formas tripomastigotas sanguíneas da cepa Y. Para o tratamento foi empregado 100 mg/kg de peso corporal de BNZ e/ou 3mg de BBI via gavagem, por 20 dias consecutivos, a partir do primeiro dia em que foi identificada parasitemia no exame de sangue a fresco, sendo seis animais de cada grupo infectado utilizados para a avaliação da parasitemia e mortalidade diária. No 10º, 20º, 30º e 120º dia após infecção (DAI) seis animais de cada grupo foram necropsiados para a coleta de sangue, coração e cólon. O sangue foi utilizado para a realização de imunofenotipagem do sangue periférico e os órgãos foram submetidos a avaliação da carga parasitária, da histologia (processo inflamatório e neoformação de colágeno) e dos níveis teciduais de citocinas. Em relação à avaliação in vitro, foi verificado que o BBI apresentou-se inativo nas concentrações de 40 à 320 μg/mL. Já em relação à avaliação da parasitemia, observou-se que, in vivo, o BBI também não apresentou ação tripanomicida, assim como na avaliação do parasitismo tecidual, em que os animais do grupo tratado apenas com BBI não controlaram o parasitismo, ao contrário dos animais tratados com BNZ. Já os animais tratados com BNZ e BBI controlaram o parasitismo tecidual na fase aguda da infecção, porém no 120º d.a.i. observou-se a presença de parasitos em alguns animais deste grupo. Ao avaliar o sangue periférico, os resultados obtidos neste trabalho mostraram que no 10º DAI houve redução no percentual das células NK no grupo tratado com BBI e CI em relação ao grupo CNI. Além disso, foi demonstrado neste tempo redução no percentual de monócitos CD14+ no grupo BBI em relação aos demais grupos tratados. Já no 20º DAI foi observada redução no percentual de células B nos grupos tratados, assim como aumento do percentual de células TCD8+ no sangue periférico de todos os grupos infectados e tratados, sendo o percentual destas células normalizado no 30º DAI. Ao realizar a avaliação histopatológica, apesar de não ter sido observada nenhuma diferença significativa entre os grupos em relação à neoformação de colágeno, observou-se redução no processo inflamatório tanto no grupo BNZ quanto no BNZ/BBI, sendo que o tratamento com o BNZ associado ao BBI permitiu que esta redução ocorresse no 20º DAI, enquanto nos animais tratados apenas com BNZ o processo inflamatório apresentou-se reduzido somente no 30º DAI. Em relação aos níveis de citocinas no tecido cardíaco, observou-se no 10º DAI aumento no percentual de IFN-e MCP-1 nos animais tratados apenas com BBI. Dessa forma, conclui-se que o BBI, apesar de seu efeito imunomodulador, não se mostrou benéfico no tratamento da doença de Chagas, provavelmente por não permitir o estabelecimento de uma resposta imune eficaz contra o T. cruzi.
Description
Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas. Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Pró-Reitoria de Pesquisa de Pós Graduação, Universidade Federal de Ouro Preto.
Keywords
Doença de chagas, Inibidores enzimáticos proteolíticos, Quimioterapia
Citation
FONSECA, Kátia da Silva. Efeito do tratamento com inibidor de protease do tipo Bowman-Birk na infecção pelo Trypanosoma cruzi. 2015. 87 f. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas) - Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2018.