Análise de isótopos estáveis de C e O em fósseis de vertebrados do grupo Bauru no Triângulo Mineiro : novas perspectivas.
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Date
2021
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O Grupo Bauru, depositado no Cretáceo Superior, é conhecido pelo seu notório conteúdo fossilífero, especialmente de crocodiliformes do clado extinto Notosuchia. Existem mais de 20 espécies, de um total aproximado de 70 recuperadas em todo o paleocontinente Gondwana, reportadas apenas nos estados de Minas Gerais e São Paulo. Os notossuquídeos se tornaram taxonomicamente abundantes e morfologicamente heterogêneos durante o período Cretáceo. Estudos de morfologia e histologia dentária e mecanismos de mordida mostram que essa multiplicidade de espécies está relacionada a diferentes hábitos alimentares: herbivoria, onivoria e carnivoria. Alguns autores interpretam que o motor dessa explosão de formas dentre os crocodiliformes terrestres seria o clima árido do Cretáceo. De acordo com estudos de cunho sedimentológico, paleopedológico e paleontológico, o Grupo Bauru registra, de fato, um ambiente semiárido a árido. Publicações utilizando técnicas analíticas de isótopos estáveis em fósseis do Grupo Bauru são extremamente raras na bibliografia. Portanto, esse estudo visa fornecer novas perspectivas sob a ótica da geoquímica de isótopos estáveis que podem explorar ainda mais a ligação entre a paleoecologia dos Notosuchia e o paleoclima do Grupo Bauru. Nesta dissertação são analisados isótopos estáveis de carbono e oxigênio (do carbonato estrutural e do fosfato) de dois sítios paleontológicos do Grupo Bauru, Ponto 1 do Price e Fazenda Três Antas, de onde já foram extraídos fósseis de crocodiliformes, e de outros dois sítios adicionais que contam com fósseis de terópodes, Pedreira 50tão e Brisas Condomínio Resort (resultados anexados, porém não discutidos neste volume). Foram analisadas 35 amostras no total, incluindo espécies identificadas de crocodiliformes, chelonia, lepisosteiformes, terópodes e rochas hospedeiras. Para verificar a preservação da composição isotópica da bioapatita foi utilizada análise de lâminas para identificar a preservação das microestruturas ósseas, difração de raios-X para caracterizar a composição mineralógica das amostras e conduzidas análises isotópicas nas rochas e em diferentes tecidos de um mesmo táxon com fins comparativos. As lâminas indicaram boa preservação das estruturas dentárias e ósseas. A difração de raios-X não mostrou impregnação de outros minerais ou incorporação secundária de CO3 2 - nos tecidos mais resistentes, ou seja, esmalte e ganoína. Diferentes assinaturas isotópicas para os diferentes tecidos de cada táxon também foram indicativos de preservação composição isotópica da bioapatita do esmalte e da ganoína. Os δ13C apontaram para diferentes hábitos alimentares para dois notossuquídeos analisados. O Uberabasuchus terrificus teria uma dieta de fonte terrestre com em plantas C3 sob stress ambiental na base da cadeia alimentar e a dieta do Campinasuchus dinizi teria fonte aquática. Os δ18OPO4 também apontaram para condições de aridez durante o período de deposição das rochas do Grupo Bauru nos sítios estudados, inclusive comparativamente a outras localidades. Portanto, os dados deste estudo corroboram estudos anteriores utilizando "novas ferramentas" no Grupo Bauru.
Description
Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais. Departamento de Geologia, Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto.
Keywords
Isótopos estáveis de carbono, Isótopos estáveis de oxigênio, Hidroxiapatita, Cretáceo superior
Citation
FERREIRA, Carolina Klock Campos. Análise de isótopos estáveis de C e O em fósseis de vertebrados do grupo Bauru no Triângulo Mineiro: novas perspectivas. 2021. 151 f. Dissertação (Mestrado em Evolução Crustal e Recursos Naturais) – Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2021.