Valsartana : um candidato a bioisenção?
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Date
2017
Authors
Castro, Lara Maria Lopes de
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Abstract
Para comprovação da possibilidade de intercambialidade entre medicamentos genéricos e
similares com o referência, estes devem passar por estudos in vivo de bioequivalência. O
Sistema de Classificação Biofarmacêutica (SCB) é utilizado como ferramenta regulatória,
visando a possibilidade de substituição destes estudos in vivo por estudos in vitro
(bioisenção). A valsartana, fármaco anti-hipertensivo da classe dos antagonistas de
angiotensina II (ARA II), apresenta ampla divergência quanto a sua classificação segundo o
SCB. Assim, este trabalho visa a obtenção de informações para a definição de sua
classificação e, consequentemente, segura discussão sobre a possibilidade ou não de sua
bioisenção. Um método por CLAE empregando coluna C18, fase móvel composta por
acetonitrila: ácido acético 0,1% (v/v) em água (52: 48), fluxo de 1,0 mL/min foi desenvolvido
para a quantificação da valsartana nos meios: fluido gástrico simulado sem enzimas FGSSE
(pH=1,2), tampão acetato TA (pH=4,5) e suco entérico simulado sem enzimas SESSE
(pH=6,8). Foram validados dois intervalos de concentração devido a diferentes estudos, que
demonstraram seletividade, linearidade entre 2 a 12 μg/mL (pH=1,2), 10 a 60 μg/mL
(pH=4,5) e 10 a 400 μg/mL (pH=6,8) (Intervalo 1) e 0,5 a 6 μg/mL (pH=1,2) e 2 a 40 μg/mL
(pH=4,5) (Intervalo 2), precisão (DPR < 5%) e exatidão de 95 a 105%. A solubilidade foi
determinada pelo método da agitação orbital em frascos (em equilíbrio) e por dissolução
intrínseca (cinética). De acordo com os resultados obtidos com o primeiro método a
valsartana apresentou alta solubilidade (9,21 mg/mL) no meio SESSE (pH=6,8), sendo a
razão entre a maior dose (320 mg) e a solubilidade D/S < 250 (34,75) e baixa solubilidade nos
meios FGSSE pH=1,2 (0,08 mg/ mL) e TA pH=4,5 (1,23 mg/mL), com razão D/S ≥ 250
(3991,60 e 259,48, respectivamente). Os resultados obtidos por ambos os métodos foram
equivalentes. A velocidade de dissolução intrínseca (VDI) foi de 0,6073 mg/min/cm2
no meio
SESSE (pH=6,8), 0,0074 mg/min/cm2
no FGSSE (pH=1,2) e 0,0726 mg/min/cm2
no TA
(pH=4,5). Foram avaliados os perfis de dissolução de três produtos contendo valsartana
disponíveis no mercado brasileiro. Somente os produtos A (referência) e C (similar) no meio
SESSE (pH=6,8) apresentaram dissolução muito rápida (85% em 15 minutos) e não houve
diferença significativa entre eles. Dados de permeabilidade in vivo e in vitro foram
identificados por revisão da literatura; a permeabilidade in silico foi determinada pelos
programas computacionais Molinspiration e MarvinSketch. De acordo com estes dados,
considerando principalmente os estudos in vivo, em que a fração absorvida foi < 85%, a
valsartana foi definida como de baixa permeabilidade. Assim, os resultados obtidos levam à
conclusão de que a valsartana é classificada como fármaco classe IV do SCB (baixa
solubilidade e permeabilidade), não sendo um fármaco candidato a bioisenção.
Description
Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas. CIPHARMA, Escola de Farmácia, Universidade Federal de Ouro Preto.
Keywords
Sistema de Classificação Biofarmacêutica, Bioisenção, Solubilidade, Permeabilidade, Valsartana
Citation
CASTRO, Lara Maria Lopes de. Valsartana: um candidato a bioisenção?. 2017. 139 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Escola de Farmácia, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2017.