Efeito de diferentes tratamentos sobre o estresse oxidativo em modelo de hepatotoxicidade induzida por paracetamol em ratos Fischer.
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Date
2019
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Abstract
O fígado é o principal órgão envolvido no processo de metabolização de xenobióticos. O
fácil acesso a medicamentos como o paracetamol aliado ao desconhecimento da
população sobre seus efeitos nocivos ao organismo tem aumentado significativamente
o número de intoxicações por esse fármaco. As frutas, óleos e produtos medicinais são
conhecidos por possuírem compostos antioxidantes e ou anti-inflamatórios, tais como
compostos fenólicos, carotenoides, vitaminas A e E, sesquiterpenos e diterpenos,
capazes de atenuar à injúria hepática induzida por paracetamol. Diante disso, o objetivo
desse trabalho foi avaliar o efeito de diferentes tratamentos sobre os mecanismos de
hepatotoxicidade ocasionados pelo paracetamol em ratos. Foram utilizados ratos
machos da linhagem Fischer, com 80 dias de idade, do Laboratório de Nutrição
Experimental da UFOP, divididos em 2 experimentos. O primeiro foi realizado para
avaliação temporal da injúria hepática usando 2 grupos de 8 animais: Controle (C) e
Paracetamol (P), durante 48 horas, no qual amostras de sangue ocular, em diferentes
intervalos de tempo, foram coletadas para quantificação das atividades das enzimas
alanina e aspartato aminotransferase (ALT e AST). No segundo, os animais foram
divididos em 6 grupos de 8 animais: Controle (C), Paracetamol (P), Óleo de Copaíba +
Paracetamol (OCOP + P), Óleo de Castanha de Macaúba + Paracetamol (OM+P), Óleo
de Coco Extra Virgem + Paracetamol e Suco de Uvaia + Paracetamol (UV+P). O período
experimental foi de 1 semana, sendo a água filtrada para C e P (1o ao 7o dia), os pré
tratamentos (1o ao 7o dia) e o paracetamol (835mg/Kg no 7o dia), administrados via
gavagem orogástrica. No oitavo dia do experimento 2, os animais foram anestesiados e
eutanasiados. O sangue, fígado, rim, e coração foram coletados e armazenados em
freezer -80oC ou formol. Foram avaliados metabólitos séricos, marcadores do estresse
oxidativo, enzimas antioxidantes e perfis histopatológicos. Os resultados do experimento
1 indicaram aumento de AST e ALT no grupo (P) no período de 12 e 24 h,
respectivamente, após administração de paracetamol, retornando a níveis basais em
48h. No experimento 2, a intoxicação com paracetamol foi capaz de alterar o perfil lipídico
dos animais aumentando LDL e diminuindo o HDL, prejudicar a função hepática
aumentando as enzimas ALT, AST e fosfatase alcalina, alterar biomarcadores da função
renal aumentando os níveis de creatinina e ureia e reduzir a quantidade de sulfidrilas
séricas. Além disso o grupo P aumentou a carbonilação de proteínas e a concentração
de glutationa oxidada (GSSG) e reduziu a razão GSH/GSSG. A nível histológico, o grupo
P aumentou o percentual de hiperemia, além de aumentar o percentual e o grau de
hemorragia e inflamação no fígado. A associação do paracetamol ao óleo de castanha
de macaúba (OM+P) auxiliou na melhora do dano oxidativo reduzindo a concentração
de GSSG e aumentando a razão GSH/GSSG. O grupo OCOP+P reduziu a atividade de
catalase e atuou na redução da carbonilação de proteínas, percentual de esteatose
microvesicular e células inflamatórias, assim como, reduziu o número de células
comparados à P. O grupo OC+P aumentou os níveis de GSSG, assim como reduziu a
razão GSH/GSSG. Por fim, o grupo UV+P demonstrou redução do estresse oxidativo
pela diminuição da peroxidação lipídica e redução da carbonilação de proteínas, porém
houve aumento de GSSG, diminuindo portanto a razão GSH/GSSG. Histologicamente,
o grupo UV+P obteve redução do percentual e grau de hemorragia, percentual de
esteatose microvesicular e células inflamatórias. Conclui-se, portanto, que o óleo de
castanha de macaúba obteve efeitos benéficos no metabolismo da glutationa,
melhorando a capacidade antioxidante prejudicada pelo paracetamol. Demonstrou-se
um efeito hepatoprotetor do óleo de copaíba e também efeito anti-inflamatório no fígado.
O óleo de coco extra virgem não demonstrou ação antioxidante e efeito hepatoprotetor,
não podendo portanto, apontar nenhum efeito benéfico desse óleo nesse modelo. A
associação de uvaia com paracetamol teve efeito hepatoprotetor, antioxidante e anti-
inflamatório, porém não demonstrou efeito benéfico pela modificação das enzimas
antioxidantes endógenas. Dessa forma, mais estudos devem ser feitos utilizando esses
pré tratamentos a fim de elucidar melhor os mecanismos de atuação no metabolismo e
na injúria hepática causada no modelo de hepatotoxicidade induzida por paracetamol em
ratos.
Description
Programa de Pós-Graduação em Saúde e Nutrição. Escola de Nutrição, Universidade Federal de Ouro Preto.
Keywords
Acetaminofen, Fígado - doenças, Antioxidantes, Stress oxidativo, Óleo de coco
Citation
PEREIRA, Mariana de Fátima Albuquerque. Efeito de diferentes tratamentos sobre o estresse oxidativo em modelo de hepatotoxicidade induzida por paracetamol em ratos Fischer. 2019. 161 f. Dissertação (Mestrado em Saúde e Nutrição) - Escola de Nutrição, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2019.